WTF?

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All or nothing


"Eu quero alguém que me inspire, que me provoque suspiros, que me tire a timidez e o medo de me aventurar. Eu quero alguém que me cause um frio na barriga, mas ao mesmo tempo me dê a segurança de que a gente vai ser feliz."

ONE DAY AT A TIME;


Estou indo para a escola esbanjando motivação com a maior cara de sono de novo. Já faz um tempo que eu estou indo assim para as aulas desde que ele foi embora sem previsão de volta. Eu já não gostava da escola, sem ele então a coisa só piorou. As minhas notas baixaram e a minha deprê só aumentou. Ele tinha mesmo que ir justo quando a gente começou a se falar? Ok, foi uma conversa só e foi na biblioteca, então a gente tinha que falar baixinho e ele só me perguntou onde é que ficava a seção de contos, mas eu considero que isso tenha sido alguma coisa.
Já fazem quantos meses? Quatro ou cinco? Sei lá. Parei de responder depois que as minhas amigas pararam de me perguntar. Elas me perguntavam quantos segundos faziam desde que ele tinha partido só pra me zoar e o pior de tudo é que eu sabia a resposta. Agora elas pararam com isso porque passaram a reparar o estado em que eu tô vindo pras aulas. Eu, que sabia há quantos segundos ele tinha ido embora, agora não dou a mínima pra mais nada além dele. Na verdade, eu nem quero mais dar a mínima pra ele... Eu tô com raiva dele porque ele se mandou daqui.
Alguém da coordenação avisa que hoje vai haver um seminário pedagógico no palco da escola vizinha e vamos todos apé para lá. A professora vai nos conduzindo e, no meio do caminho, eu vejo um desses carros dos anos 70, totalmente vintage, preto e amarelo... E ele está lá dentro, batucando no volante e balançando a cabeça. Peraí, eu acabei de ver ele? Dentro de um carro? Tá bom que ele tem idade pra dirigir, mas... Não pode ser ele. Quer dizer que eu dei pra ficar louca agora?

I SEE YOU THERE;


Nem prestei atenção ao seminário. A visão dele dentro daquele carro me deixou inquieta demais. Agora sim eu estou com raiva dele que resolve "reaparecer" quando eu queria esquecer que assim que a coisa engatou tudo virou poeira. Eu quero esquecer o que a gente poderia ter sido. Eu quero esquecer que ele existe, que eu existo.
Todos batem palmas e se levantam. Me levanto também e saio com o pessoal da minha turma. Um amigo sorri para mim e se não tivesse tanta gente aqui eu o abraçava e desabafava sobre como eu estou ficando louca de saudades de um cara que ele até sabe quem é. O que será que ele ia dizer? Que eu realmente fiquei louca? Nem quero saber.
Meu amigo me solta e eu agarro o braço da minha melhor amiga quando a vejo entre um monte de alunos. Aperto o seu punho e é o suficiente para ela se afastar do grupo e vir comigo, que desabafo sobre o meu estado e sobre um carro vintage. Ela me manda fazer terapia e tentar esquecer o cara porque eu e ele nem nunca nos falamos. Volto com a minha amiga para o monte de alunos e estamos todos atravessando a rua quando alguém me empurra e acabo esbarrando com um garoto. Meu coração quase salta para fora da boca quando ergo os olhos e dou de cara com ele.
"Como vai a sua irmã?", ele pergunta sorrindo.
"Bem.", respondo com uma tranquilidade que eu nem sabia que tinha.
"Quero te ver mais tarde, pode ser? Te espero na porta da escola. Vou estar perto de um carro preto com listras amarelas.", ele diz e sai andando, suas roupas casuais se destacando entre os uniformes. Como é que ele sai assim sem nem ouvir minha resposta? Parece até que ele sabe que a resposta é sim.

WE HAD OUR BACKS AGAINST THE OCEAN;


Eu sei lá quanto tempo dura até que o tempo passe, mas num instante eu estou saindo da escola. É quando uma amiga me empurra para dentro de uma sala e diz o que eu já sabia, confirmando que eu não estou maluca:
"Ele tá lá fora. Você vai falar com ele?", saio sem respondê-la.
Encostado no carro, ele cumprimenta alguns amigos e é tão lindo como ele pára de cumprimentar as pessoas e sorri quando eu apareço. Ele abre a porta do passageiro e, sem que ninguém mande - porque ninguém tem que mandar e eu sei exatamente o que estou fazendo -, entro no carro. Ele não fala uma palavra sequer durante toda a viagem e eu não ouso puxar assunto, ainda tô com raiva. Nós continuamos indo e indo e indo para além da cidade, do rio, das montanhas... E o carro morre porque a gasolina acabou. Nós dois temos que empurrar o carro então vamos lá. Ele ri da minha cara, eu faço a melhor cara de séria que consigo porque quero demonstrar que estou com raiva por ele ter ido embora, mas eu esqueci que não resisto àquele sorriso e acabo rindo também e nós dois caímos na gargalhada. Empurramos o carro subindo uma ladeira e eu juro que vou morrer se empurrar mais um pouquinho. Ele sabia para onde estava me levando porque tem um posto de gasolina no topo da ladeira e isso é no mínimo estranho. Como tudo tem sido bem estranho até agora, deixo pra lá.
"Não tem gasolina.", ele diz meio preocupado.
"Normal, o posto deve estar sem gasolina há anos.", digo sem olhar pra ele. Impossível desviar a atenção da vista que tenho de onde estou agora, na beira do topo da ladeira, com o oceano em frente a mim.

ANYWHERE IN MY DREAMS;


"E agora? Pra onde a gente vai?", ele pergunta.
"Qualquer lugar pra mim tá bom.", respondo.
"Espero que aqui seja qualquer lugar..."
Deixo minha mochila no chão, ao meu lado. Ele me puxa para mais perto. Nos sentamos na beira do abismo e me permito encostar a cabeça em seu ombro.
"Senti sua falta...", sussuro e o sinto me apertar contra ele. Não pergunto porque é que ele está fazendo isso comigo se a gente nem se falava na escola. Não quero saber o que é que deu nele pra me tratar assim. Minha mãe me liga, provavelmente querendo saber onde estou, e deixo o celular tocar, colocando-o no modo vibracall. Ela liga mais outras vezes e eu não atendo. Minha melhor amiga me liga e eu finalmente pego o celular, o encaro, vejo o número e o nome dela, me levanto e o arremesso o celular no oceano. Que se dane tudo, eu só quero ficar aqui e mais nada.
Confesso que estou apaixonada, digo como foi que me apaixonei e que as coisas ficaram muito difíceis para mim quando ele foi embora. Ele diz que começou a ler o meu blog quando foi embora e isso o fez perceber que, apesar de a gente ter ideias totalmente contrárias, ele foi um idiota por não ter dito que era apaixonado por mim também e por isso voltou para a cidade. Por que não quer me deixar nunca mais e não vai me fazer passar por momentos difíceis outra vez. Ele descontrai dizendo que foi uma verdadeira maratona ler os textos gigantescos que eu escrevo. e, com um ar de superioridade, diz que eu escrevo surpreendentemente bem para uma pessoa da minha idade e que ler os meus textos valeu a pena apesar do tamanho deles. Enquanto ele sorri, tomo coragem para beijá-lo e é o que eu faço assim que ele pára de sorrir e me encara.
"Vamos?", ele pergunta assim que para de me beijar. Quando o beijo acabou, a saudade e a raiva foram embora. Não ouso beijá-lo outra vez para não sentir saudade de quando o beijei e não sentir raiva por tê-lo beijado.
"Para onde?", pergunto de volta.
"Lá.", ele se levanta e aponta para a frente onde só há água.
"Tudo bem, vamos, mas... Eu posso ao menos saber o seu nome?"
"A única coisa que você precisa saber sobre mim é que eu te amo.", ele entrelaça seus dedos nos meus, suspira, sorri e me olha. Fecho os olhos.
Nós pulamos.

~*~

Esta historieta foi escrita numa quinta-feira logo depois que eu acordei de um sonho envolvendo um garoto misterioso que gostou do meu blog, um carro antigo e uma pequena paixão. Tudo não passou de um sonho... Nada foi verdade. Não houve garoto, não houve paixão, não houve saudade, não houve carro, não houve nós.
Eu sequer consigo me lembrar dos rostos das pessoas que estiveram nesse sonho. A única coisa real nele é o desejo de ir pra qualquer lugar, no topo de uma ladeira, à beira de um oceano e pular na água de mãos dadas com alguém que eu sei que amo. Sem medo nenhum e sem nem mesmo saber o nome do cara.

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