Dance e não se canse...

Naquele baile, eu esperava (sem esperança) que alguém me tirasse para uma dança. Foi quando vi ele cruzar o salão em minha direção. Nunca havia visto nada tão atraente.

- Dança comigo? - perguntou.

- Eu não sei dançar. - respondi.

- Nem eu, mas podemos dançar assim mesmo. Temos pés, não temos? Dois pra lá, dois pra cá... Não é assim? E temos gingado também! - disse sorrindo. - Vem.

Sem medo, minha mão deslizou da mesa à mão dele, que me puxou da cadeira e me conduziu até o centro do salão, onde muitas outras almas dançavam. Dançamos, enfim. Em giros rápidos e envolventes saímos do salão... eu não controlava meus movimentos, mas dançava! Meio desajeitada, confesso, mas eu estava dançando. Logo eu que não sabia dançar.

Dançamos de um jeito estranho, totalmente descompassado, sem sincronia alguma... Caímos, levantamos, voltamos a dançar e caímos outra vez. Lá vamos nós de novo! Uma coisa nunca mudava: nossos passos eram sempre para frente. Toda aquela dança me deixou confusa. Parei por um insante, o encarei e perguntei:

- Não nos apresentamos ainda. Quem é você?

- Achei que você sabia quem eu sou... Você e a sua mania de achar que sabe de tudo. Sabe, eu te conheço muitíssimo bem, Ana Luiza. Conheço também a sua vida e a conduzo como nessa dança, apesar de você sempre preferir conduzir, tomar as rédeas. Prazer, meu nome é Destino.

"E tudo ficou tão claro, um intervalo na escuridão. Uma estrela de brilho raro, um disparo para um coração".

No baile da vida a minha dança é o meu caminho... Eu aprendi a caminhar, aprendi a dançar e sempre seguindo em frente de alguma forma. Tudo com o destino me conduzindo. Esse tempo todo sempre foi ele quem deu a última palavra, o inevitável destino.

Meu destino me ensinou a dançar conforme a música e todos os dias eu aprendo um passo novo ou uma dança nova. Um milhão de vezes eu irei pensar que aprendi como dançar, executar perfeitamente cada passo em perfeita sincronia e um milhão de vezes o destino vai me provar que estou errada. Se for preciso, vou levar muito tapa na cara e muito tombo feio, até que eu aprenda como se dança nessa vida e, enquanto eu não aprendo, vou dançando... Até acertar o passo.

E quer saber de uma coisa? Meu destino é lindo. Imperfeito, mas tem cara de galã. Ah, meu destino também é um ótimo dançarino.

Beijos dançantes, amores ;*