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16 de abr. de 2012

Últimas lembranças...

O Renato entrou na minha antiga casa na madrugada do dia 9 de Dezembro de 2011, meu último dia em Marabá... era o último dia dele lá também, mas eu não tenho tanta certeza de que ele sabia disso. Nós enfrentamos alguns obstáculos (ele enfrentou mais) em prol daquela última madrugada. Ele saiu de casa no maior silêncio para não ser descoberto saindo de casa, ele abriu e fechou com cuidado as portas de tela da sua própria casa e da minha também, onde eu, em minha única tarefa, fiquei acordada esperando o Renato me chamar.

Eu não acho que tenha demorado muito tempo até eu ouvi-lo chamar meu nome, o que me assustou um pouco, confesso. Abri a janela e não me lembro bem se ele pulou para o quarto ou se pulei eu para a varanda. Eu só sei que num minuto nós estávamos lá, andando pela vila pela última vez. Traçando nosso caminho por entre as ruas e casas pela última vez. Dizendo adeus a tudo aquilo que fazia parte da nossa realidade. O Renato só chorava, pelo que eu me lembro. Eu só me segurava para não chorar. Para não pensar no fim que estava se opondo a mim. O fim, que acabou nos forçando a dar nossas últimas voltas na vila. Eu só pensava em como era surreal que tudo estivesse acabando e em como a lua estava absurdamente linda numa madrugada tão triste.

Deixei o Renato em casa pela última vez. Voltei o caminho todo sozinha e o que aconteceu foi no mínimo estranho: em todos os lugares para onde eu apontei a minha direção eu me vi em diversos momentos e situações.
Na rua da escola, no caminho até a pracinha, seguindo para o clube... Caminhando por ali eu pude ver nitidamente a mim mesma. Acompanhada por amigos, de mochila nas costas, andando sozinha... Na rotatória da vila foi muito mais real. Como se eu tivesse sido dividida em duas! Eu juro, eu me vi me despedindo do Ju ali na rotatória como eu sempre fazia. Eu vi ele pular nas minhas costas como ele sempre fazia ao se despedir. Eu vi nós dois dançando feito dois malucos sem nada a perder. Eu me vi seguir meu caminho descendo a rua, com o Renato ao meu lado ouvindo música. Eu, acompanhada dele e do Edinho, indo pra feirinha ou saindo para fora da vila rumo ao postinho.
E aí eu acordei pra vida e estava na entrada de casa. Encarando aquelas paredes, janelas e portas. Tentando memorizar cada detalhe dela e de tudo ao redor para não me esquecer de nenhum detalhe daquele lugar.

Já no meu antigo quarto, jogada no colchão, eu baixei a guarda, tirei minha armadura "sou durona demais para chorar" e deixei as lágrimas me vencerem. Eu chorei por tudo o que eu não tinha chorado. Por cada dia que eu vivi naquele quarto, por cada volta que eu dei na vila, por todos os detalhes da casa que eu fiz questão de memorizar. Eu chorei de raiva porque eu não podia fazer nada para evitar que as pessoas que eu mais me importava fossem embora. Chorei de saudade, chorei pela dor que apertava o meu peito, chorei de alegria porque tudo o que eu tinha vivido foi simplesmente lindo.
Agora, escrevendo tudo isso fico com vontade de chorar, mas é em vão porque lágrimas não mudam nada e nenhuma armadura conseguiria se sustentar me fazendo de durona Aquela armadura eu não visto mais. Uma vez que eu deixei as lágrimas vencerem é mais do que justo deixá-las rolarem a qualquer hora. E elas vão rolar toda vez que eu me lembrar da última vez que eu andei na vila com o Renato.

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